quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Por que 25 de dezembro?

Provavelmente, os primeiros cristãos não comemoravam aniversários (cf. Orígenes, PG XII, 495). Comemoravam o die natalis, dia da entrada na pátria definitiva (cf. Martírio de Policarpo 18,3), como participação na salvação realizada por Jesus ao vencer a morte com sua paixão gloriosa. Recordavam com precisão o dia da glorificação de Jesus, o 14/15 de Nisan, mas não a data de seu nascimento, sobre o qual nada nos dizem os relatos evangélicos. Até o século III, não temos informações sobre a data do nascimento de Jesus. Os primeiros testemunhos de Padres e escritores eclesiásticos assinalam diferentes datas. O primeiro testemunho indireto de que a natividade de Cristo foi em 25 de dezembro partiu de Julio Africano no ano 221. A primeira referência direta de sua celebração aparece no calendário litúrgico filocaliano do ano 354 (MGH, IX, I, 13-196): VIII kal. Ian. natus Christus in Betleem Iudeæ (“no dia 25 de dezembro nasceu Cristo em Belém da Judéia"). A partir do século IV, os testemunhos deste dia como data do nascimento de Cristo tornam-se comuns na tradição ocidental. Na oriental, prevalece a data de 6 de janeiro.
Uma explicação bastante difundida é a de que os cristãos optaram pelo dia porque, a partir do ano 274, em 25 de dezembro celebra-se em Roma o die natalis Solis invicti, o dia do nascimento do Sol invicto, a vitória da luz sobre a noite mais longa do ano e que era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno, o dia mais curto do ano. No hemisfério norte, o solstício não tem data fixa - ele costuma ser próximo de 22 de dezembro, mas pode cair até no dia 25. 
A origem da data é essa, mas será que Jesus realmente nasceu no período de fim de ano? Os especialistas duvidam. "Entre os estudiosos do Novo Testamento e das origens do cristianismo, é consenso que ele não nasceu em 25 de dezembro", afirma o cientista da religião Carlos Caldas, da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Na Bíblia, o evangelista Lucas afirma que Jesus nasceu na época de um grande recenseamento, que obrigava as pessoas a saírem do campo e irem às cidades se alistar. Só que, em dezembro, os invernos na região de Israel são rigorosos, impedindo um grande deslocamento de pessoas. "Também por causa do frio, não dá para imaginar um menino nascendo numa estrebaria. Mesmo lá dentro, o frio seria insuportável em dezembro", diz Caldas. O mais provável é que o nascimento tenha ocorrido entre março e novembro, quando o clima no Oriente Médio é mais ameno.
A liturgia de Natal e os Padres da época estabeleciam um paralelismo entre o nascimento de Jesus Cristo e expressões bíblicas como “sol de justiça" (Ml 4, 2) e “luz do mundo" (Jo 1, 4ss.) No entanto, não há provas de que isto foi assim e parece difícil imaginar que os cristãos quisessem adaptar festas pagãs ao calendário litúrgico, especialmente quando acabavam de experimentar a perseguição. É possível, todavia, que com o transcorrer do tempo, a festa cristã absorvesse a festa pagã.
Outra explicação mais plausível faz a data do nascimento de Jesus depender da data de sua encarnação, que, por sua vez, está relacionada com a data de sua morte. Em um tratado anônimo sobre solstícios e equinócios, afirma-se que “Nosso Senhor foi concebido no dia 8 das calendas de abril no mês de março (corresponde ao nosso 25 de março), que é o dia da paixão do Senhor e de sua concepção, pois foi concebido no mesmo dia que morreu" (B. Botte, Lês Orígenes de la Noel et de l'Epiphanie, Louvain 1932, 1. 230-33). Na tradição oriental, apoiando-se em outro calendário, a paixão e a encarnação do Senhor celebram-se em 6 de abril, data que condiz com a celebração de Natal em 6 de janeiro. A relação entre paixão e encarnação está em consonância com a mentalidade antiga e medieval, que admirava a perfeição do universo como um todo, em que as grandes intervenções de Deus estavam vinculadas entre si. Trata-se de uma concepção que também encontra raízes no judaísmo, em que a criação e a salvação se relacionam com o mês de Nisan. A arte cristã refletiu esta mesma ideia ao longo da história ao pintar na Anunciação da Virgem o menino Jesus descendo do céu com uma cruz. Assim, é possível que os cristãos vinculassem a redenção realizada por Cristo com sua concepção, e esta determinou a data de nascimento. “O mais decisivo foi a relação existente entre a criação e a cruz, entre a criação e a concepção de Cristo" (J. Ratzinger, El espíritu de la liturgia, 131).



Fonte:
http://opusdei.org.br/pt-br/article/por-que-comemora-se-o-nascimento-de-jesus-no-dia-25-de-dezembro/
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-o-natal-e-comemorado-em-25-de-dezembro

sábado, 19 de dezembro de 2015

Espírito natlino

Não sou a favor de explorar mitos com crianças, nem a religião alheia para fins comerciais. Vejo essas coisas como um ultraje e desrespeito a fé de cada um.
A descoberta de mitos pode ser algo muito traumático para uma criança (eu fiquei - rs), pode ser visto como uma aberração, mentira, traição dos seus próprios familiares e talvez nunca haja espaço para a confiança plena e verdadeira na vida desse futuro adulto.
Como falar do natal sem explorá-lo comercialmente ou danificar a psiquê infantil? Penso que seja adotar a postura do espírito natalino, mas o que é isso?
As pessoas têm vivido numa anestesia e inércia que é como se ligassem e desligassem as virtudes e maravilhas desta época do ano como se tivesse um botão interruptor. Na verdade o espírito de natal é um estado que deve ser vivido constantemente durante todos os dias do ano, a fraternidade, o amor pelo próximo, a fé da renovação na figura do Menino Jesus, é algo para ser permanente, constante em nossa vida.
Para você entender o que é o espírito de natal disponibilizamos um texto muito bonito e que nos leva a refletir sobre o que realmente comemoramos no dia.

Não, não quero ver a árvore iluminada na sala, nem quero saber quanto você já gastou em presentes.
Quero, sim, sentir no ambiente a mensagem viva do aniversariante deste dezembro mágico: toda a família está unida? O perdão já eliminou aquelas desavenças que ocorrem no calor das nossas vidas?
Não quero ver a sua despensa cheia, quero saber se você conseguiu doar alguma coisa do que lhe sobra, para quem tem tão pouco, às vezes nada.
Não exiba os presentes que você já comprou, mesmo com sacrifício; quero ver aí dentro de você a preocupação com aqueles que esperam tão pouco, uma visita, um telefonema, uma carta, um e-mail...
Quero ver o espírito do Natal entre pais que descobrem tempo para os filhos, em amigos que se reencontram e podem parar para conversar, no respeito do celular desligado no teatro, na gentileza de quem oferece o banco para o mais idoso, na paciência com os doentes, na mão que apóia o deficiente visual na travessia das ruas, no ombro amigo que se oferece para quem anda meio triste, perdido.
Quero ver o espírito de Natal invadindo as ruas, respeitando os animais, a natureza que implora por cuidados tão simples, como não jogar o papel no chão, nem o lixo nos rios.
Não quero ver o Natal nas vitrines enfeitadas, no convite ao consumo, mas no enfeite que a bondade faz no rosto das pessoas generosas.
Por fim, mostre-me que o espírito do Natal entrou definitivamente na sua vida, através do abraço fraterno, da oração sentida, do prazer de andar sem drogas e sem bebidas, do riso franco, do desejo sincero de ser feliz e, de tão feliz, não resistir ao desejo de fazer outras pessoas também felizes.
Deixe o Natal invadir a sua alma, entre os perfumes da cozinha que vai se encher de comidas deliciosas, no cheiro da roupa nova que todos vão exibir, abrace-se à sua família e façam alguns minutos de silêncio, que será como uma oração do coração, que vai subir aos céus, e retornar com um presente eterno, duradouro: o suave perfume de Jesus, perfume de paz, amor, harmonia e a eterna esperança de que um dia todos os dias serão como os dias de Natal. Feliz Natal!

Fonte:
http://www.esoterikha.com/presentes/o-que-e-espirito-de-natal.php

sábado, 5 de dezembro de 2015

A lenda do Papai Noel

Vou dedicar o blog ao natal pra explicar algumas coisinhas porque me dá um nervoso danado ver as pessoas usando símbolos de crenças opostas ou pregando coisas erradas por aí; vamos combinar que cultura (mesmo inútil) nunca é demais e sempre é interessante conhecer.
Começarei pelo "bom velhinho" que escolheu a madrugada de 24 pra 25 de dezembro pra fazer a criançada mais feliz com seus presentes e as curiosidades serão muitas (eu espero - rs)!

Acredita-se que o Papai Noel é um personagem criado no século IV, por Nicolau Taumaturgo que, em sigilo, colocava um saco com moedas de ouro na chaminé das casas dos que estavam precisando de ajuda na época do natal. Tornou-se santo e símbolo natalino, partiu da Alemanha, onde vivia, até se tornar conhecido por todo o mundo.
Diz a lenda que Papai Noel é um bom velhinho de barba branca e comprida e vestimenta vermelha que mora no Polo Norte. Papai Noel juntamente com seus assistentes, os duendes, fabricam presentes para oferecer às crianças que se comportaram e obedeceram os pais durante o ano. Os duendes, além de fabricarem presentes, trabalham também perto de nossas casas conhecendo o comportamento de cada criança e sua obediência com seus pais e para isso percorrem todo o mundo.
Ao passar pelas casas, recolhem as cartinhas feitas pelas crianças e as levam até o Papai Noel. De acordo com o comportamento visto pelo duende é que o Papai Noel concede ou não o presente pedido pela criança em sua cartinha.
Quando o pedido é concedido os duendes fabricam o presente e o Papai Noel pessoalmente se dirige até a casa de cada criança em seu trenó, puxado pelas renas, e desce pela chaminé ou entra pela janela, assim deixa o presente debaixo da árvore de natal. Na noite de natal o presente será encontrado na árvore com o nome de cada criança.
Seu nome varia de acordo com o país, podendo ser chamado de Santa Claus, Father Christmas, Nikolaus, Julemanden, Babouschka, Pai Natal, Perè Noel, Babbo Natale, Joulupukki, Sinterklaas.
por Thomas Nast
Mas o Papai Noel que conhecemos hoje: gordo e bonachão, barba branca, vestes vermelhas, é produto de um imemorial sincretismo de lendas pagãs e cristãs, a tal ponto que é impossível identificar uma fonte única para o mito. Sabe-se, porém, que sua aparência foi fixada e difundida para o mundo na segunda metade do século 19 por um famoso ilustrador e cartunista americano, Thomas Nast, inspirador, por sua vez, de uma avassaladora campanha publicitária da Coca-Cola nos anos 1930. Nas gravuras de Nast o único traço que destoa significativamente do Noel de hoje é o longo cachimbo que o dele fumava sem parar, algo que nossos tempos antitabagistas já não permitem ao bom velhinho.
O sucesso da representação pictórica feita por Nast não significa que ele possa reivindicar qualquer naco da paternidade da lenda, mas apenas que seu Santa Claus – o nome de Papai Noel em inglês – deixou no passado e nas enciclopédias de folclore a maior parte das variações regionais que a figura do distribuidor de presentes exibia, dos trajes verdes em muitos países europeus aos chifres de bode (!) em certas lendas nórdicas.
Antes de prevalecer a imagem atual, um fator de unificação desses personagens era a referência mais ou menos direta, quase sempre distorcida por crenças locais, a São Nicolau, personagem historicamente nebuloso que viveu entre os séculos 3 e 4 da era cristã e que gozou da fama de ser, além de milagreiro, especialmente generoso com os pobres e as crianças. É impreciso o momento em que o costume de presentear as crianças no dia de São Nicolau, 6 de dezembro, foi transferido para o Natal na maior parte dos países europeus, embora a data primitiva ainda seja observada por parte da população na Holanda e na Bélgica. Nascia assim o personagem do Père Noël (como o velhinho é chamado na França) ou Pai Natal (em Portugal) – o Brasil, como se vê, optou por uma tradução pela metade.
É curioso que, sendo a língua de Nast uma das que mais preservaram no nome do personagem natalino a memória do santo (São Nicolau, Santa Claus), a caracterização que ele consagrou seja claramente inspirada na mitologia germânica, em que o deus Odin, de longas barbas brancas, era conhecido por distribuir presentes às crianças do alto de seu cavalo voador.

O lado obscuro do natal
Você sabia que existe um coadjuvante atuando no lado sombrio que remete a esta época? Seu nome é Krampus e segundo reza a lenda, trata-se de uma criatura mitológica que auxilia o Papai Noel em seus afazeres natalinos nas mais diversas regiões do planeta, é bizarro acreditar que indivíduos de características tão distintas pudessem trabalhar junto, pois ao contrário do bom velhinho, Krampus é representado por uma criatura semelhante a um demônio, a palavra Krampus vem de Krampen, palavra para “garra” do alto alemão antigo.
Acredita-se que enquanto o Papai Noel fica incumbido de distribuir os presentes para as crianças “boazinhas”, Krampus aplica a punição àquelas que não se comportaram bem, Krampus começa as festividades do Natal na noite do dia 5 de dezembro, ele invade as casas das pessoas e retira delas as crianças que foram más, que mentiram, que fizeram pirraça e as leva do seu lar, ou seja, nada de presentes para crianças levadas.
A lenda é proveniente da região dos Alpes, estando bem viva no folclores de países como Áustria, Alemanha, Alsácia, Suíça, Eslovênia, tanto que já virou tradição rapazes se fantasiarem de Krampus durante as primeiras semanas do mês de dezembro, estes vagam pelas ruas assustando crianças e mulheres com correntes e sinos enferrujados, sendo que em algumas áreas rurais, a tradição também inclui surras aplicadas pelo Krampus, especialmente em garotas.
Algumas pessoas descrevem Krampus como uma criatura dotada de uma língua enorme e avermelhada tendo o corpo repleto de pelos, além disso ele ainda carrega várias correntes e um freixo de galhos de madeira com o qual ameaça as crianças que se comportam mal ou que não sabem suas lições.
Entretanto em países como a Áustria a figura dele se assemelha mais a de um demônio, como é mais popularmente conhecido, tendo chifres e cascos de cabra no lugar dos pés, foi só no final do século XIX, por volta de 1890 que sua imagem começou a aparecer nos cartões de Natal acompanhando o Papai Noel, com os dizeres “Gruss vom Krampus” (Saudações de Krampus) ou com a frase “Brav Sein!” (Comporte-se!)

Fonte:
http://www.brasilescola.com/natal/historia-papai-noel.htm
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/cronica/a-verdadeira-historia-do-papai-noel/
http://minilua.com/o-lado-negro-do-natal/