Registros rupestres (pinturas em cavernas)
demonstram o homem caçando e lutando, com o passar do tempo, as pinturas
passaram a apresentar o que poderia ser chamado de ‘dança’ e aí o homem deixou
de desenhar nas paredes para desenhar em seu próprio corpo, contando suas
histórias e feitos.
Acredita-se que, a dança provavelmente foi à
primeira forma de expressão artística criada pelo homem, a fim de imitar os
animais, vegetais e os elementos. Ela é a arte mais antiga praticada pelo homem,
antes mesmo dele polir a pedra.
A dança surgiu como forma de comunicar-se, num
tempo no qual o homem ainda não articulava os sons da fala e então ele dançava,
comunicava-se utilizando os gestos do próprio corpo numa mímica que de início
tinha função “verbal” e posteriormente adquiriu significados ritualísticos,
festivos e de cura.
A história da dança do ventre é tão antiga quanto a
história do homem, ou melhor, da mulher. É a primeira dança feminina de que se
tem registro.
Os movimentos de contração, ondulação e vibração
foram desenvolvidos pelas mulheres em função de aliviar dores menstruais e
preparar os músculos para a sustentação da gestação e o trabalho de parto,
também como um culto à Grande Deusa (natureza) em prol da fertilidade - do
ventre e da terra.
Através da música e da dança entramos em contato
com a magia dos ritmos e dos movimentos corporais que nos dão a capacidade para
harmonizarmos com estados superiores de nossa consciência.
Pensando no contexto atual, a Dança Oriental
oferece um repertório maior de auxílio, pois a mesma possui um leque de
movimentos que trabalham diversos grupos musculares, expressividade, elegância,
presença em cena, musicalidade, deslocamentos e temáticas folclóricas, que
permitem a mulher se transportar no tempo, nos lugares e ‘brincar’ com os
trajes e acessórios de forma única.
Na Dança Oriental trabalha-se priorizando a região
do ventre, região esta que somatiza as emoções inclusive as dores, raiva, medos
e expectativas (quem nunca teve uma ‘dor de barriga’ por estar ansioso? Ou não
sentiu um ‘friozinho’ na barriga ao ver aquele belo par de olhos azuis? E as
úlceras, comprovadamente instaladas devido a processos de stress?) na medida em
que se trabalham movimentos, estes repercutem no psíquico, mesmo que
inconsciente. Talvez, essa seria uma das razões fundamentais para a melhora nos
processos de baixa autoestima e melancolia, pois os movimentos “despertam” toda
a estrutura corporal.
O trabalho da dança consiste em fazer movimentos,
na sua grande maioria, em retroversão. São utilizados movimentos já conhecidos
pela fisioterapia como correção de hiperlordose, como pôr exemplo, segundo
Béziers (2002), os oitos de quadril implantados na cinesioterapia. O uso
extenso de todos estes músculos na dança do ventre significa que todos estes
músculos são utilizados harmoniosamente bem. A palavra harmonia usada neste
contexto refere-se a quatro itens: coordenação, força, resistência e
flexibilidade.
Onde a dança do ventre é realmente superior
comparando a outras formas de exercício é o modo como todos os músculos,
incluindo os mais profundos, são usados de um modo suave e repetitivo. Segundo
Blandine Calais- Germain, (1992): “O aprendizado dos movimentos do quadril deve
se tornar uma rotina. A bacia se equilibra permanentemente sobre os quadris,
não por um encerramento em força dos músculos superficiais, mas pelo trabalho
dos músculos profundos. Este trabalho é importante para o bom equilíbrio e bem
estar da coluna vertebral.”
A prática de dança do ventre contribui para o
desenvolvimento da resistência muscular localizada abdominal e para a
flexibilidade da coluna lombar, e qual a intensidade desta contribuição se
comparada a indivíduos que realizam realinhamento da coluna, reabilitação de
quadril e a sedentários. É possível que a dança do ventre possa considerar-se
uma atividade efetiva para o desenvolvimento destas funções. Os rolamentos e
movimentos ondulatórios trabalham os músculos e articulações suavemente em uma
grande quantidade de movimentos, e ao mesmo tempo, a massagem realizada pelos
movimentos alivia as tensões.
A principal função do quadrante inferior consiste
em movimentar e fornecer, simultaneamente, uma base estável a partir da qual os
membros superiores possam atuar. Juntos, o tronco e os membros inferiores tem
potencial para realizar movimentos multidimensionais com um gasto mínimo de
energia. A harmonia neuro-musculoesquelética é importantíssima para o
funcionamento ideal do complexo lombar, pélvico e do quadril (Lee, 2001).
Vista de uma forma terapêutica, a dança do ventre
trabalha partes do corpo com movimentos especiais como o aprendizado da
dissociação de membros, favorecendo uma conscientização maior para a praticante
com relação ao seu lugar no espaço e com relação a si mesma, dando assim, um
leque maior de movimentos gerais. Este leque permite então um auto ajuste
corporal e um conhecimento específico com relação á dores quaisquer, pois além
das práticas da própria dança, aprende-se alongamentos, aquecimentos, enfim, um
conhecimento corporal realmente rico.
A dança do ventre se compõe de movimentos naturais
que trabalham junto ao corpo da mulher e não contra ele. Estes movimentos
exercitam e ativam de forma mais suave corpo feminino e suas funções.
Os movimentos rotativos e os movimentos de
ondulação fazem trabalhar os músculos e as articulações em um amplo leque de
formas e ao mesmo tempo massageia as zonas do corpo relacionadas, soltando e
dissolvendo todas as tensões.
Por exemplo, no ritmo do taxim, um solo
instrumental improvisa uma hipnótica melodia. A dançarina da dança do ventre
responde a este chamado com movimentos circulares, ondulantes e suaves do seu
torso, quadril, braços e cabeça. Este prazeroso movimento harmoniza o sistema
nervoso central, enviando a energia vital e as substancia hormonais a traves de
todo o corpo. A mente se torna relaxada e equilibrada.
Através dos movimentos, a dançarina se centra na
sua resposta criativa à música. Isto lhe permite situar-se e viver o momento
presente. E neste estar em transe podem se manifestar estados alterados da
consciência que conduzem a bailarina da dança do ventre a experimentar uma
sensação de frescor e uma recarga energética uma vez que tem concluído a sua
dança.
Quando você se encontra num estado de estresse
forte, você poderá apelar a determinados movimentos das chamadas danças Rituais
do Zar, que poderão ser utilizadas para fazer com que estas sensações de
negatividade sejam expulsas do seu corpo, propiciando, assim, um alivio da
sobrecarga emocional que você experimentava. São utilizados os poderosos, fortes
e rítmico tambor. O toque repetitivo do tambor faz com que a mente focalize a
sua atenção na música fazendo com que a
energia dos movimentos e a vibração trabalhem juntos.
A dança do ventre é o caminho da cura aberto para
todas aquelas mulheres que queiram percorrê-lo. Quando uma pessoa tem o corpo,
a mente, as emoções e o espírito unidos, isto faz com que o estresse não se
instale no corpo porque a conformação energética desta pessoa não dá ao
estresse chance para se instalar.
A dança do ventre quando abordada do ponto de vista
terapêutico rende culto e reverencia ao corpo tão qual Templo do Corpo que ele
é. E isto se consegue da execução apropriada dos movimentas dos diversos grupos
musculares que entram em interação com a música.
Através da resposta criativa da dançarina que
harmoniza as suas emoções e desenvolve a habilidade de tranquilizar a sua mente
para permitir que a inspiração flua sem nenhuma trava a partir do mais profundo
espaço do seu Ser Interior.
Através do corpo, a dançarina da dança do ventre
pode conhecer-se a si mesma, a sua essência
e a sua conexão com a vida. Ao dançar, a dançarina da dança do ventre
aprende a mar seu corpo e isto a conduz a estabelecer uma contato intimo com ela mesma e com a vida que flui no seu interior.
Uma das razões pelas quais a dança do ventre ajuda
á mulher a se sentir melhor, é aceitação
e reconciliação com a parte feminina que se produz no intimo dela. Pois
a dança do ventre, mas que outra forma de dança, capacita a mulher para se
outorgar este profundo sentido de
respeito, confiança e reverencia para
com o seu corpo , e para com a energia
divina e criativa que a converte num
canal para que a vida se manifeste . O
certo é que esta nova forma que a mulher dispõe, através da dança do ventre,
para se comunicar com o seu corpo, lhe
permite restaurar uma autentica relação com ele.
A dança do ventre é como um veículo que poderá
transportar á dançarina, de forma criativa, se assim ela o desejar, a uma
estância, que devido ao estresse cotidiano, geralmente não é acessível. Permite
que a mulher se enfrente, cara a cara com o lado escuro do feminino que habita
nelas e que tem sido relegado socialmente por imoral e destrutivo. Este
processo de criação de si mesmo não é fácil, porém, um componente essencial
para o crescimento de toda mulher. Este processo é a chave que abre as portas
do íntimo da mulher, um espaço interior onde ela encontra coragem e tenacidade para
confrontar os fantasmas que entristecem a alma feminina.
A dança do ventre permitira conhecer cada fronteira
do corpo da dançarina, tão como os bloqueios mentais que se devem transmutar. E
este será o autêntico material da criação da dançarina, que ao converter-se em
um todo, vai dar a quem pratica a dança do ventre, uma consistência energética.
A dança do ventre coloca nas mãos da mulher um
enorme poder transformador que lhe permite liberar do corpo as constrições necessárias
para começar a construir com ele uma autêntica relação saudável. Com atenção,
carinho e amor à si mesma e com a experiência da dança do ventre, a mulher é
capaz de alcançar a plenitude e a unidade.
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