sábado, 8 de março de 2014

Uso Terapêutico da Dança do Ventre

Registros rupestres (pinturas em cavernas) demonstram o homem caçando e lutando, com o passar do tempo, as pinturas passaram a apresentar o que poderia ser chamado de ‘dança’ e aí o homem deixou de desenhar nas paredes para desenhar em seu próprio corpo, contando suas histórias e feitos.
Acredita-se que, a dança provavelmente foi à primeira forma de expressão artística criada pelo homem, a fim de imitar os animais, vegetais e os elementos. Ela é a arte mais antiga praticada pelo homem, antes mesmo dele polir a pedra.
A dança surgiu como forma de comunicar-se, num tempo no qual o homem ainda não articulava os sons da fala e então ele dançava, comunicava-se utilizando os gestos do próprio corpo numa mímica que de início tinha função “verbal” e posteriormente adquiriu significados ritualísticos, festivos e de cura.
A história da dança do ventre é tão antiga quanto a história do homem, ou melhor, da mulher. É a primeira dança feminina de que se tem registro.
Os movimentos de contração, ondulação e vibração foram desenvolvidos pelas mulheres em função de aliviar dores menstruais e preparar os músculos para a sustentação da gestação e o trabalho de parto, também como um culto à Grande Deusa (natureza) em prol da fertilidade - do ventre e da terra.
Através da música e da dança entramos em contato com a magia dos ritmos e dos movimentos corporais que nos dão a capacidade para harmonizarmos com estados superiores de nossa consciência.
Pensando no contexto atual, a Dança Oriental oferece um repertório maior de auxílio, pois a mesma possui um leque de movimentos que trabalham diversos grupos musculares, expressividade, elegância, presença em cena, musicalidade, deslocamentos e temáticas folclóricas, que permitem a mulher se transportar no tempo, nos lugares e ‘brincar’ com os trajes e acessórios de forma única.
Na Dança Oriental trabalha-se priorizando a região do ventre, região esta que somatiza as emoções inclusive as dores, raiva, medos e expectativas (quem nunca teve uma ‘dor de barriga’ por estar ansioso? Ou não sentiu um ‘friozinho’ na barriga ao ver aquele belo par de olhos azuis? E as úlceras, comprovadamente instaladas devido a processos de stress?) na medida em que se trabalham movimentos, estes repercutem no psíquico, mesmo que inconsciente. Talvez, essa seria uma das razões fundamentais para a melhora nos processos de baixa autoestima e melancolia, pois os movimentos “despertam” toda a estrutura corporal.
O trabalho da dança consiste em fazer movimentos, na sua grande maioria, em retroversão. São utilizados movimentos já conhecidos pela fisioterapia como correção de hiperlordose, como pôr exemplo, segundo Béziers (2002), os oitos de quadril implantados na cinesioterapia. O uso extenso de todos estes músculos na dança do ventre significa que todos estes músculos são utilizados harmoniosamente bem. A palavra harmonia usada neste contexto refere-se a quatro itens: coordenação, força, resistência e flexibilidade.
Onde a dança do ventre é realmente superior comparando a outras formas de exercício é o modo como todos os músculos, incluindo os mais profundos, são usados de um modo suave e repetitivo. Segundo Blandine Calais- Germain, (1992): “O aprendizado dos movimentos do quadril deve se tornar uma rotina. A bacia se equilibra permanentemente sobre os quadris, não por um encerramento em força dos músculos superficiais, mas pelo trabalho dos músculos profundos. Este trabalho é importante para o bom equilíbrio e bem estar da coluna vertebral.”
A prática de dança do ventre contribui para o desenvolvimento da resistência muscular localizada abdominal e para a flexibilidade da coluna lombar, e qual a intensidade desta contribuição se comparada a indivíduos que realizam realinhamento da coluna, reabilitação de quadril e a sedentários. É possível que a dança do ventre possa considerar-se uma atividade efetiva para o desenvolvimento destas funções. Os rolamentos e movimentos ondulatórios trabalham os músculos e articulações suavemente em uma grande quantidade de movimentos, e ao mesmo tempo, a massagem realizada pelos movimentos alivia as tensões.
A principal função do quadrante inferior consiste em movimentar e fornecer, simultaneamente, uma base estável a partir da qual os membros superiores possam atuar. Juntos, o tronco e os membros inferiores tem potencial para realizar movimentos multidimensionais com um gasto mínimo de energia. A harmonia neuro-musculoesquelética é importantíssima para o funcionamento ideal do complexo lombar, pélvico e do quadril (Lee, 2001).
Vista de uma forma terapêutica, a dança do ventre trabalha partes do corpo com movimentos especiais como o aprendizado da dissociação de membros, favorecendo uma conscientização maior para a praticante com relação ao seu lugar no espaço e com relação a si mesma, dando assim, um leque maior de movimentos gerais. Este leque permite então um auto ajuste corporal e um conhecimento específico com relação á dores quaisquer, pois além das práticas da própria dança, aprende-se alongamentos, aquecimentos, enfim, um conhecimento corporal realmente rico.
A dança do ventre se compõe de movimentos naturais que trabalham junto ao corpo da mulher e não contra ele. Estes movimentos exercitam e ativam de forma mais suave corpo feminino e suas funções.
Os movimentos rotativos e os movimentos de ondulação fazem trabalhar os músculos e as articulações em um amplo leque de formas e ao mesmo tempo massageia as zonas do corpo relacionadas, soltando e dissolvendo todas as tensões.

Por exemplo, no ritmo do taxim, um solo instrumental improvisa uma hipnótica melodia. A dançarina da dança do ventre responde a este chamado com movimentos circulares, ondulantes e suaves do seu torso, quadril, braços e cabeça. Este prazeroso movimento harmoniza o sistema nervoso central, enviando a energia vital e as substancia hormonais a traves de todo o corpo. A mente se torna relaxada e equilibrada.
Através dos movimentos, a dançarina se centra na sua resposta criativa à música. Isto lhe permite situar-se e viver o momento presente. E neste estar em transe podem se manifestar estados alterados da consciência que conduzem a bailarina da dança do ventre a experimentar uma sensação de frescor e uma recarga energética uma vez que tem concluído a sua dança.
Quando você se encontra num estado de estresse forte, você poderá apelar a determinados movimentos das chamadas danças Rituais do Zar, que poderão ser utilizadas para fazer com que estas sensações de negatividade sejam expulsas do seu corpo, propiciando, assim, um alivio da sobrecarga emocional que você experimentava. São utilizados os poderosos, fortes e rítmico tambor. O toque repetitivo do tambor faz com que a mente focalize a sua atenção  na música fazendo com que a energia dos movimentos e a vibração trabalhem juntos.
A dança do ventre é o caminho da cura aberto para todas aquelas mulheres que queiram percorrê-lo. Quando uma pessoa tem o corpo, a mente, as emoções e o espírito unidos, isto faz com que o estresse não se instale no corpo porque a conformação energética desta pessoa não dá ao estresse chance para se instalar.
A dança do ventre quando abordada do ponto de vista terapêutico rende culto e reverencia ao corpo tão qual Templo do Corpo que ele é. E isto se consegue da execução apropriada dos movimentas dos diversos grupos musculares que entram em interação com a música.
Através da resposta criativa da dançarina que harmoniza as suas emoções e desenvolve a habilidade de tranquilizar a sua mente para permitir que a inspiração flua sem nenhuma trava a partir do mais profundo espaço do seu Ser Interior.
Através do corpo, a dançarina da dança do ventre pode conhecer-se a si mesma, a sua essência  e a sua conexão com a vida. Ao dançar, a dançarina da dança do ventre aprende a mar seu corpo e isto a conduz a estabelecer uma  contato intimo com ela mesma  e com a vida que flui no seu interior.  
Uma das razões pelas quais a dança do ventre ajuda á mulher a se sentir melhor, é aceitação  e reconciliação com a parte feminina que se produz no intimo dela. Pois a dança do ventre, mas que outra forma de dança, capacita a mulher para se outorgar este  profundo sentido de respeito, confiança e reverencia  para com o seu corpo , e para com  a energia divina e criativa  que a converte num canal  para que a vida se manifeste . O certo é que esta nova forma que a mulher dispõe, através da dança do ventre, para se comunicar  com o seu corpo, lhe permite restaurar uma autentica relação com ele.
A dança do ventre é como um veículo que poderá transportar á dançarina, de forma criativa, se assim ela o desejar, a uma estância, que devido ao estresse cotidiano, geralmente não é acessível. Permite que a mulher se enfrente, cara a cara com o lado escuro do feminino que habita nelas e que tem sido relegado socialmente por imoral e destrutivo. Este processo de criação de si mesmo não é fácil, porém, um componente essencial para o crescimento de toda mulher. Este processo é a chave que abre as portas do íntimo da mulher, um espaço interior onde ela encontra coragem e tenacidade para confrontar os fantasmas que entristecem a alma feminina.

A dança do ventre permitira conhecer cada fronteira do corpo da dançarina, tão como os bloqueios mentais que se devem transmutar. E este será o autêntico material da criação da dançarina, que ao converter-se em um todo, vai dar a quem pratica a dança do ventre, uma consistência energética.
A dança do ventre coloca nas mãos da mulher um enorme poder transformador que lhe permite liberar do corpo as constrições necessárias para começar a construir com ele uma autêntica relação saudável. Com atenção, carinho e amor à si mesma e com a experiência da dança do ventre, a mulher é capaz de alcançar a plenitude e a unidade.

Fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário