Sentir ciúmes não é algo divertido e pode destruir
qualquer relacionamento, disso todo mundo sabe. Mas o que é exatamente isso? É
necessariamente algo patológico? Como lidar com isso?
De acordo com os psicólogos israelenses Ayala Pines
e Elliot Aronson, ciúme é "a reação complexa a uma ameaça perceptível a
uma relação valiosa ou à sua qualidade.". Provoca o temor da perda e
envolve sempre três ou mais pessoas, a pessoa que sente ciúmes - sujeito ativo
do ciúme -, a pessoa de quem se sente ciúmes - sujeito analítico do ciúme - e a
terceira ou terceiras pessoas que são o motivo dos ciúmes - o que faz criar
tumulto.
Esse sentimento apresenta caráter instintivo e
natural, sendo também marcado pelo medo, real ou irreal, vergonha de se perder
o amor da pessoa amada. O ciúme está relacionado com a falta de confiança no
outro e/ou em si próprio e, quando é exagerado, pode tornar-se patológico e
transformar-se em uma obsessão.
A explicação psicológica do ciúme pode ser uma
persistência de mecanismos psicológicos infantis, como o apego aos pais que
aparece por volta do primeiro ano de vida ou como consequência do Complexo de
Édipo não resolvido; entre os quatro e seis anos de idade, a criança se
identifica com o progenitor do mesmo sexo e simultaneamente tem ciúmes dele
pela atração que ele exerce sobre o outro membro do casal; já na idade adulta,
essas frustrações podem reaparecer sob a forma de uma possessividade em relação
ao parceiro, ou mesmo uma paranoia.
Nesse tipo de paranoia, a pessoa está convencida,
sem motivo justo ou evidente, da infidelidade do parceiro e passa a procurar
“evidências” da traição. Nas formas mais exacerbadas, o ciumento passa a exigir
do outro coisas que limitam a liberdade deste.
Algumas teorias consideram que os casos mais graves
podem ser curados através da psicoterapia que passa por um reforço da autoestima
e da valorização da autoimagem.
Outros casos mais leves podem ser tratados através
da ajuda do parceiro, estabelecendo-se um diálogo franco e aberto de encontro,
com a reflexão sobre o que sentem um pelo outro e sobre tudo o que possa levar
a uma melhoria da relação, para que esse aspecto não se torne limitador e
perturbador.
Ciúme é uma reação complexa porque envolve um largo
conjunto de emoções, pensamentos, reações físicas e comportamentos:
Emoções - dor, raiva, tristeza, inveja, medo,
depressão e humilhação;
Pensamentos - ressentimento, culpa, comparação com
o rival, preocupação com a imagem, autocomiseração;
Reações físicas - taquicardia, falta de ar, excesso
de salivação ou boca seca, sudorese, aperto no peito, dores físicas.
Comportamentos - questionamento constante , busca
frenética de confirmações e ações agressivas, mesmo violentas.
O ciúme está intimamente relacionado à inveja. A
diferença é que a inveja não envolve o sentimento de perda presente no ciúme.
Mas ambas são um misto de desconforto e raiva e atormentam aquele que cobiça
algo que outra pessoa tem. Quanto mais baixa for a autoestima, mais propensa
está a pessoa de sofrer com um dos dois sentimentos.
Outra diferença entre ambos reside no fato de o
ciúme, quando ultrapassa certo limite, se transforma em patologia, coisa que
não acontece com a inveja.
Ciúme e inveja desviam o foco dos cuidados com a
própria vida, tão preocupado se fica com a vida de outra pessoa. Por outro
lado, se enfrentados, podem levar a atitudes positivas como melhorar a
aparência, desenvolver novas habilidades e trabalhar a autoestima.
O ciúme patológico é visto pela psiquiatria como
uma espécie de paranoia (distúrbio mental caracterizado por delírios de
perseguição e pelo temor imaginário de a pessoa estar sendo vítima de
conspiração). Para o ciumento, a fronteira entre imaginação, fantasia, crença
e certeza se torna vaga e imprecisa, as dúvidas podem se transformar em ideias
supervalorizadas ou delirantes.
Quem sente ciúme a esse nível tem a compulsão de
verificar constantemente as suas dúvidas, a ponto de se dedicar exclusivamente
a invadir a privacidade e tolher a liberdade do parceiro: abre
correspondências, bisbilhota o computador, ouve telefonemas, examina bolsos,
chega a seguir o parceiro ou contrata alguém para fazê-lo. Toda essa tentativa
de aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridícula até pelo próprio
ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida, até o intensifica.
A pessoa ciumenta apresenta na sua personalidade um
traço marcante de timidez e sentimentos de insegurança, problemas que costumam
ter raízes na infância. Nesse caso, o tratamento passa por aplicação de
técnicas de psicoterapia para melhorar a confiança do paciente em si mesmo. O
processo deve envolver sua família, pois o apoio no lar é imprescindível nesses
casos. Reduzido o sentimento de insegurança, é esperado que diminua a aflição
do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece
lógico começar o tratamento pelo fortalecimento da autoconfiança.
Não menos importante é atacar os sintomas físicos
que o ciúme patológico provoca. O desequilíbrio no sistema nervoso aumenta o
nível de adrenalina, interfere na dinâmica dos neurotransmissores e está na
origem de muitas doenças psicossomáticas. Por isso, é fundamental apurar as
causas desses sintomas e gastar a energia negativa em atividades como os
exercícios físicos, meditação e trabalho que traga gratificação.
E aliado a tudo isso... tente criar situações engraçadas com as suas "suspeitas" para, aos poucos, esse sentimento perder força e forma na sua vida, eis um exemplo:
Avalie a intensidade do seu ciúme nesse link.
Depois de um assunto tenso como esse, nada melhor que relaxar um cadinho e rir um pouco da nossa miséria de cada dia porque faz parte d o jeitinho brasileiro de lidar com a vida.
Boa sorte no combate à sua imaginação!
Consegui me livrar disso fazendo piada das situações criadas pela mente, melhorando a autoestima através da dança do ventre (é uma busca pelo nosso eu e nossa sensualidade constante).
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