quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Aprendendo sobre educação financeira

Berço de grandes empreendedores e de olho nos futuros protagonistas de sua sociedade, Rio Preto começa a difundir o assunto entre crianças e adolescentes. É no ambiente escolar que noções sobre educação financeira, consumismo, dinheiro e empreendedorismo passam a fazer parte do cotidiano de jovens estudantes. Sem contar o papel fundamental que os pais têm na formação desses consumidores. A educação financeira ainda não faz parte da grade curricular das escolas públicas, mas algumas, principalmente as particulares, já implementam a disciplina, seja por meio de cursos e projetos esporádicos ou oficialmente inclusa no programa. 
“Desenvolver a inteligência financeira é fundamental na vida de qualquer pessoa e iniciar este processo na infância é ainda mais saudável. Para se conectar às oportunidades que surgirão na vida dos alunos, muitas vezes, serão necessários recursos. Outro aprendizado é priorizar a aplicação do dinheiro ao invés de gastar em coisas fúteis”, afirma Jorge Scandelai, professor de empreendedorismo do Anglo. 
“É necessário formar os jovens para serem os administradores de seus recursos e consumidores conscientes. Para isso é preciso saber o valor do dinheiro”, afirma Wilma Resende Araújo Santos, diretora superintendente da Junior Achievement, entidade que atua com a disseminação dos conceitos de empreendedorismo em escolas. Como a educação financeira é pouco disseminada entre os jovens, boa parte entra para a idade adulta sem conhecer o funcionamento do mundo das finanças e despreparados para obter um equilíbrio orçamentário e ter uma vida financeira saudável. “Para administrar a vida é preciso aprender a administrar o próprio orçamento, o da família, saber a importância de poupar e onde aplicar essa poupança.” 
Essa educação precisa ocorrer desde cedo e pode começar dentro de casa, com o apoio dos pais. Inicialmente com cofrinhos, depois com mesadas ou semanadas. “A criança precisa aprender a usar o dinheiro para subsidiar determinadas despesas, sem ter de recorrer a outros recursos”, afirma. E esse aprendizado só ocorre por meio da prática, que inclui também erros. O aprendizado também vem da observação dos pais. Aqueles que sabem administrar um orçamento certamente vão influenciar os filhos e ajudar a formar consumidores, empresários, profissionais que saberão usar os recursos de forma mais consciente, poupando e investindo melhor. Segundo Wilma, a abordagem desse tipo de assunto nas escolas provoca ainda o caminho inverso. “Os filhos acabam levando o conhecimento aos pais, que aprendem a administrar melhor os orçamentos e conhecem outros caminhos”, afirma.
Escola ensina a fazer planos e a gastar
Dinheiro não nasce em árvore, não cai do céu, não se pode comprar tudo, primeiro é preciso comprar o necessário... Esses são alguns dos conceitos sobre orientação financeira que os alunos do 2º ano do colégio América Escola Bilíngue estão aprendendo. Desde o início do ano o tema entrou para a grade curricular, do pré-2, ano 8º ano. Entre os objetivos, diminuir o consumismo e ensiná-los a poupar. 
No ensino da educação financeira, a prioridade é o empreendedorismo, ou seja, saber fazer planos e, antes de gastar, aprender a lidar bem com o dinheiro que ganhamos. “As atividades dependem da turma, mas eles aprendem a história do dinheiro, seu valor, a importância de poupar, pensam sobre a necessidade de gastar e do que é necessário gastar”, afirma a coordenadora pedagógica Renata Azevedo. 
Neste ano, para vivenciar o assunto ainda mais na prática serão realizadas duas feiras. A primeira, da barganha, quando os produtos poderão ser trocados entre os participantes. E a segunda, da Compra e Venda, que vai funcionar como uma negociação mesmo. Tudo será feito entre os alunos e tem o apoio dos pais. Cada estudante vai poder participar com três produtos. “Sempre trabalhamos o assunto, que entrou para a grade nesse ano. O próximo passo é incluir ideias e empreendedorismo.” Na sala da 2° ano, a turma com idade entre 7 e 8 anos aprende brincando num jogo de tabuleiro chamado independência financeira. Eles mexem com dinheiro de mentira e tem de enfrentar o peso dos juros e dos encargos quando se esquecem de pagar uma conta, por exemplo. “Vence quem poupar mais”, explica Renata.

Dicas
- Tudo começa com uma reunião em casa, em que cada membro da família expõe seu sonho. Pode ser um carro novo, uma geladeira, uma bicicleta ou qualquer outra coisa 
- É importante fazer um diagnóstico familiar de como as pessoas alcançarão seus sonhos. Um exemplo prático é reduzir a conta de energia. “Quando a mamãe quiser chamar a atenção do filho não vai mais dizer desligue o chuveiro e sim lembre-se da bicicleta”, afirma a educadora financeira Sandra Gobato. 
- Na escola, por exemplo, a economia pode ser feita num passeio. Ao invés de comprar um lanche é possível levar uma refeição mais saudável de casa. “Poupando para a realização dos sonhos as crianças não consumirão tanto e saberão esperar para adquirir o bem desejado”, afirma. 

Finanças no currículo
Embora ainda não faça parte do currículo, o assunto ganha força nas escolas. De acordo com a educadora financeira Sandra Gobato, no final de 2010, o processo de educação financeira no Brasil foi fortalecido com a criação da Estratégia Nacional e Educação Financeira (Enef) por parte do governo federal. A Enef busca estimular um consumo mais responsável entre a população e promover a conscientização dos consumidores em relação aos riscos assumidos nos processos de endividamento, reforçando a estabilidade a e confiança no Sistema Financeiro Nacional. 
Outra iniciativa que fortalecerá a disseminação da educação financeira principalmente em âmbito escolar é o Projeto de lei 171/09, que propõe a inclusão da educação financeira no currículo dos ensinos fundamental e médio. Na rede privada de ensino, a educação financeira vem ganhando espaço cada vez mais expressivo. Um desses métodos é o Programa Dsop de Educação Financeira nas Escolas. “O objetivo é contribuir para a criação de uma nova geração de pessoas, independentes financeiramente, que aprenderão desde cedo a utilizar o dinheiro de maneira saudável e consciente para a realização de seus sonhos.” 

Participação é de livre iniciativa 
No Ponto Alfa, a participação no projeto de comportamento empreendedor é livre. Segundo a professora Ana Maria Fernandes, no início do ano os participantes, principalmente do 2º ao 6º ano, elegem um sonho a ser conquistado ao final do período. Pode ser comprar um objeto de desejo, poupar para uma viagem, para o futuro. “Traçamos metas diárias, semanais e mensais para atingir a meta anual.” 
Para juntar o dinheiro, as crianças passam a vender produtos na escola, na entrada do período e na saída. Pode ser algo feito pelas mães, brinquedinhos e outros itens. Eles montam as bancas, pensam as estratégias de marketing e, muitas vezes, se o produto não emplaca, têm de mudar o foco do trabalho. “A evolução é analisada por meio de gráficos e o dinheiro é depositado no ‘banco da escola’”, afirma. O saque ocorre apenas no final do projeto. Quem não consegue atingir a meta é estimulado a não desistir. O objetivo pode ser mudado, a estratégia melhorada. “Optei por fazer um trabalho prático e as dúvidas e demandas vão surgindo.” 

Fonte: 
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/noticias/economia/178942,,Criancas+e+adolescentes+aprendem+sobre+educacao+financeira.aspx

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