sábado, 7 de maio de 2016

Eu vos declaro: Marido e... família!

Obs: como sou mulher e a maior parte do meu público é mulher... vou falar pra gente, mas adianto que a contrapartida é igualmente verdadeira. 

Ninguém avalia ou analisa a família do parceiro até surgirem os problemas. E esses aparecem e não cansam de aparecer, principalmente quando a interferência dos demais familiares se torna rotineira e carrega uma importância indevida por uma das partes. Não que se deva analisar a família, afinal encontrar o cônjuge já é bom o bastante, o que vier a mais é lucro. O relacionamento vai bem, tudo compensa para manter-se bem e feliz, mas melhorar nunca é demais e aparar certas arestas só facilitará as coisas. Existem algumas atitudes que é possível tomar para fortalecer o relacionamento (que deve ser entre duas pessoas e nenhuma a mais) sem ofender ou atrapalhar as demais relações, mantendo-se sempre a paz e a harmonia com o restante da família, todos precisamos dessas relações, assim como ninguém é feliz sozinho, os casais também não se bastam.
Relacionamento é como viajar por um país estrangeiro e desconhecido - é preciso entender os novos costumes, a nova língua e valores diferentes. Mas, como se já não bastassem você e ele para armar a saborosa desordem no exercício da comunicação, ainda existem aqueles parentes do parceiro que grudam como chiclete e insistem em fazer parte da nova família. No começo, você aceita e acha graça, até sentir a pedra no sapato. Eles começam a meter o nariz onde não são chamados, ou, ainda mais abusados, fazem questão de distribuir alfinetadas. Sabe aquela velha história de que quem casa também leva a família do amado de brinde? É por aí mesmo, mas, convenhamos, tudo tem limite. Ainda mais quando o que está em pauta é o seu relacionamento.
Fogo cruzado
Família, diferenças culturais, sociais, de interesses e outras tantas que a gente percebe só pela convivência figuram como grandes motivos que levam ao fim de uma relação, ainda mais se o casal se deixar levar pela falsa crença de que "quando casar, sara". Não é bem assim. Diferenças existem e vão continuar existindo, não se iluda achando que conseguirá transformar seu marido em outra pessoa e fazê-lo ser mais ambicioso, ou simplesmente recolher as cuecas do chão, tirar a toalha molhada da cama ou ajudar nas tarefas de casa de um dia para o outro. E, se necessário for, a família certamente colocará lenha na fogueira, porque vai defender os valores, hábitos e costumes próprios - e não os seus.
"As pessoas que esperam uma companhia perfeita e ideal se frustram ao se depararem com uma ‘pessoa real', porque as diferenças sempre existem e elas costumam ser vistas como falhas", explica a psicóloga Karen Camargo. A psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari vai ainda mais fundo ao comentar sobre o assunto: "Os opostos se atraem, mas dificilmente ficam juntos". Segundo ela, as diferenças podem gerar conflitos, mágoas e até raiva se não forem bem administradas. Do contrário, podem até se tornarem um delicioso tempero na relação.
Portanto, se você não colocar as diferenças na balança e pesar seus prós e contras, é possível que você acabe se decepcionando.
1. Imponha limites - Caso seu esposo ou esposa priorize as vontades e opiniões dos demais familiares colocando as suas em segundo plano, procure entender, não exigir. Tente descobrir as razões, explique como se sente e demonstre que na sua vida ele vem primeiro e que gostaria que fosse recíproco. Mostre com atitudes a importância de serem primeiramente um casal, para então juntos serem filhos, cunhados, irmãos, primos e afins.

Quem casa quer casa
Nada mais verdadeiro do que essa pílula da sabedoria popular - "quem casa, quer casa". Não é que a família não seja importante e deva ser esquecida pelos pombinhos. A psicóloga Karen Camargo explica que ela é, sim, essencial, porque é um núcleo de afeto, compreensão, amor e compartilhamento. Mas, quando se está formando uma nova família, cabe manter uma distância segura e saudável da anterior, porque proximidade demais atrapalha a nova trajetória a ser seguida pelo casal e as novas regras que serão estabelecidas.
Para a socióloga Mirian Goldenberg, o problema é que, na nossa cultura, o cordão umbilical demora muito tempo para ser rompido - e às vezes nunca é. "Aqui no Brasil, a família é colocada num patamar quase que divino. Ela é o paraíso, o porto-seguro, e praticamente dona do indivíduo", analisa Mirian. Sendo assim, somos culturalmente acostumados a casar com os parentes do parceiro. E, se existe sogra jararaca, é porque assim permitimos, damos "intimidade" para a interferência indesejada.
2. Morando perto e agora? - Morando juntos ou próximos dos parentes, para muitos casais é sinal de problema. Pode até ser, mas os problemas podem surgir de perto ou de longe e afetar a vida conjugal na medida em que vocês permitirem. Alguns casais passam a ter conflitos quando, por alguma razão os pais vêm morar com eles. Cuidar de um idoso, ter uma ou duas pessoas a mais na casa, mais alguém para opinar na decoração e no cardápio não é nada atrativo. Mas pode ser mais útil e mais interessante do que o medo lhe deixa perceber. Longe ou perto demais da família os casais precisam distanciar-se um pouco, impor um limite para manter a relação e deixar claro para todos que se importam um com o outro, que gostam de estar juntos e valorizam os momentos de privacidade, seja saindo para jantar ou assistir a um filme sozinhos em casa. Até na hora de curtirem-se morar perto pode ajudar mais do que atrapalhar.
3. Mas a família é grande demais! - E todo mundo quer se meter. Colocar um aviso na porta escrito "em vida de marido e mulher ninguém mete a colher" pode resolver, mas criará um novo desconforto, então seja mais delicado e compreenda que todos fazem por amor ou por desejar o melhor. Vocês podem ouvir todos os conselhos, mas não precisam dar ouvidos. Ponderem, discutam, reflitam sobre o que se pode aproveitar e não deixem que a palavra final na relação venha de nenhum terceiro, mesmo que seja o papai ou a mamãe. Lembre-se que quanto maior a família maiores são os conflitos, maiores os problemas, mais crianças, mais bagunças e... Mais experiências, mais crescimento e mais pessoas para dividir suas dificuldades também.

Só você e ele
A solução contra os parentes intrometidos não é gritar, espernear, se trancafiar numa masmorra com o marido ou arrumar as malas e sair de casa. O mais importante é fazer com que te respeitem e não é se descabelando, saindo do controle, que você vai conseguir isso. Os limites podem ser colocados de forma muito suave, mas firme. Se você não gosta que a sogra ligue para a sua casa domingo às 8h da manhã, converse primeiro com o seu marido e depois estabeleçam os limites de forma educada e afetiva.
Atenção: limites e não exclusão. Jogar o marido contra a própria família e torná-la uma rival não irá resolver nada, sem contar que o feitiço pode acabar virando contra a feiticeira - vai que ele escolhe ficar do lado da família? "O ideal é estar próxima aos parentes, mantendo os limites de ambas as partes. Esse é justamente o grande desafio dos casais recém-casados, o de colocar freios de uma maneira educada e ponderada, sem agressões", ressalta Karen Camargo. E com tolerância!
Além do mais, leve em consideração que a família dele não está sempre errada em todas as atitudes e colocações. Vez ou outra pode ser essencial você ouvir o que ela tem a dizer. Afinal, foi com ela que o seu marido passou a maior parte da vida até agora. Nada impede, também, que você recorra à família dele em busca de orientação naqueles dias em que nem muito chamego parece dar jeito no clima tenso entre vocês. "Isso ajuda até a fortalecer os vínculos", garante a psicóloga Olga Tessari.
Ressalte-se que é praticamente impossível para alguém se desligar totalmente de sua família de origem, por piores que sejam. Imagine, por exemplo, um de seus filhos depois de adulto se casar mas você não se dá bem com sua nora, por qualquer razão. Aí ela exige que seu filho não tenha mais contato com você. Você jamais aceitaria isso, e essa exigência colocaria um estresse muito grande na relação. Seu filho ficaria dividido entre agradar a mãe e a esposa, e nunca conseguiria fazer os dois.
É o que acontece com muitos maridos. Ele não tem controle nem culpa das maldades deles. Sim, ele poderia e deveria ficar mais do seu lado quando você é atacada por eles. Nisso ele falha. Mas essa falha é comum em situações assim. O homem, especialmente, tem muita dificuldade de achar um equilíbrio nesse ponto. Mas você pode ajudá-lo a encontrar esse equilíbrio.
O que aconteceria se você mudasse a sua ótica da situação? E se você deixasse de ver isso como “ou eu ou eles” e passasse a ver como “meu marido não tem culpa da família que tem”?
Nós podemos escolher nossos amigos, mas não nossa família. Quando nos casamos, isso é um fato que deveríamos considerar bem. Cada um traz consigo a família que tem. E seu marido, infelizmente, tem a que tem. Mas não é ele digno de seus esforços? E seus filhos também?
O que recomendamos nessas situações é que o cônjuge maltratado pelos parentes (você) aja com diplomacia. Você não tem que cair de amores por eles, mas também não precisa fazer uma guerra fria. Você pode ser diplomática, cordial, educada, sem precisar paparicar a família dele. E principalmente, você tem que parar de criticá-los. Todas as vezes que você critica a família do seu marido, ele recebe isso como uma crítica a ele mesmo. Não funciona. (Ele obviamente não compartilha mais da família com você porque teme suas críticas.) Tudo isso você faria POR ELE, não pelos parentes dele. E em troca, você exigiria dele que lhe protegesse e tomasse o seu lado em casos de ataques.

4. Não sobra tempo - Trabalha-se muito, estuda-se muito, os cuidados com os filhos demandam tempo demais e o pouco que sobra sempre tem uma festinha de família ou um almoço na casa de alguém. Um casal precisa viver, manter-se como casal. Nem que seja sacrificando uma festa aqui ou um almoço ali, é importante reservar um tempo para desfrutarmos da companhia de quem escolhemos e amamos. Se não sobra tempo, tire de onde tem demais.
5. O filho é meu - Você planejou, gerou, criou e educou. Agora todos se sentem no direito de, no seu ponto de vista, estragar tudo o que você lutou para repassar ao seu filho. O filho é seu! Também. Ele é seu filho e do seu esposo. Mas é sobrinho, primo, neto, amigo, aluno, enfim, ele pertence a outras pessoas também. Porém, isso não o tira de você. Nem as influências que receberá destruirá tudo o que você construiu. A base que fundamentaram juntos, como casal, depois como casal com filhos, é tão sólida que resistirá ao que vier de fora de maneira que o que for contrário não terá a mesma importância. Uma vez compreendido pelo casal que o que realmente impera é a vontade de ambos, os filhos consequentemente valorizarão primeiro o que vem dos pais.
Acima de qualquer coisa a família é prioridade na vida de qualquer indivíduo, não tem como escolher entre o pai e o esposo, a mãe ou a esposa. O cônjuge precisa reconhecer essa impossibilidade e ser grato por isso. Por outro lado, os pais, irmãos, primos, cunhados e toda a parentela, precisam respeitar o limite do outro e sua individualidade matrimonial. Se cada um entender e cumprir seu papel a vida da grande família será harmoniosa e equilibrada, afinal somos dependentes e necessitamos uns dos outros para sermos felizes ou simplesmente existirmos. Por experiência própria sei da importância dessas relações, sei que estar próximo, mesmo que sofrendo uma interferência aqui outra ali, é mais válido do que se distanciar ou conflituar-se.
Uma família começa por um casal. Uma família divide-se para se formar um casal. A perda que seus pais ou sogros sofrem é confusa e difícil de lidar, mas com maturidade, compromisso, amor e amizade tudo vai se encaixando e fortalecendo-se uma família cada vez maior.
Amiga, tudo é negociável. Pense nos objetivos a longo prazo. Não houve traição nem outras coisas mais graves para justificar o fim do casamento. Não seja tão difícil, inflexível assim. Acredite: divorciar por isso não valerá a pena. E saiba que no final, se vocês divorciarem, o principal responsável não terá sido o seu marido nem a família dele, mas sim o seu coração endurecido. Você tem que quebrar as pedras do seu coração.
Pela dureza de seus corações é que o divórcio acontece. (Jesus, Mateus 19.8)

Fonte:
http://blogs.universal.org/renatocardoso/blog/2014/04/07/escolha-ou-eu-ou-seus-parentes/
http://www.bolsademulher.com/amor/pacote-completo
http://familia.com.br/8008/casamento/colocando-limites-na-familia-do-conjuge-para-preservar-sua-relacao

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